(1) ITAL/Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos.
1. INTRODUÇÃO
O maracujá amarelo (Passiflora edulis) tem grande importância econômica
na produção de suco concentrado (Couto, 1996). Assim, as cascas e as
sementes tornam-se resíduos industriais provenientes do processo de
obtenção da polpa e, de acordo com Gaydou e Ramanoelina (1983), são
atualmente descartadas. Como este descarte representa inúmeras
toneladas, agregar valor a estes resíduos é de interesse econômico,
científico e tecnológico.
As sementes apresentam uma fração lipídica que oscila entre 20 e 24%, podendo, assim, ser boa fonte de óleo. Este óleo possui coloração amarela, sabor agradável, odor suave e pode ter aplicação na indústria de alimentos (Couto, 1996). Segundo Ruggibro (1987), além das características físico-químicas como baixa secatividade, médio índice de saponificação e ausência de produtos tóxicos, o óleo da semente de maracujá apresenta também baixa estabilidade, pois é bastante susceptível a rancidez oxidativa devido ao seu grande conteúdo de ácido linoléico.
A fim de impedir ou retardar a deterioração oxidativa em óleos vegetais, os antioxidantes têm sido amplamente utilizados. Essas substâncias retardam a oxidação dos lipídeos, tornando-os mais estáveis quimicamente, aumentando sua vida de prateleira e sua aceitabilidade (Almeida-Doria & Regitano-d'Arce, 2000). Testes como o Forno de Schaal e o uso do aparelho Rancimat são dois procedimentos que podem ser adotados a fim de monitorar o comportamento do óleo de acordo com o tipo e concentração do antioxidante adicionado.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade oxidativa do óleo bruto da semente de maracujá na presença de alguns antioxidantes, adicionados nas máximas concentrações regidas pela legislação brasileira.
As sementes apresentam uma fração lipídica que oscila entre 20 e 24%, podendo, assim, ser boa fonte de óleo. Este óleo possui coloração amarela, sabor agradável, odor suave e pode ter aplicação na indústria de alimentos (Couto, 1996). Segundo Ruggibro (1987), além das características físico-químicas como baixa secatividade, médio índice de saponificação e ausência de produtos tóxicos, o óleo da semente de maracujá apresenta também baixa estabilidade, pois é bastante susceptível a rancidez oxidativa devido ao seu grande conteúdo de ácido linoléico.
A fim de impedir ou retardar a deterioração oxidativa em óleos vegetais, os antioxidantes têm sido amplamente utilizados. Essas substâncias retardam a oxidação dos lipídeos, tornando-os mais estáveis quimicamente, aumentando sua vida de prateleira e sua aceitabilidade (Almeida-Doria & Regitano-d'Arce, 2000). Testes como o Forno de Schaal e o uso do aparelho Rancimat são dois procedimentos que podem ser adotados a fim de monitorar o comportamento do óleo de acordo com o tipo e concentração do antioxidante adicionado.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade oxidativa do óleo bruto da semente de maracujá na presença de alguns antioxidantes, adicionados nas máximas concentrações regidas pela legislação brasileira.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Material
Foram utilizados 4 kg de semente de maracujá amarelo, fornecidos pela
Indústria Fleischmann Royal Nabisco. As sementes foram trituradas em
moinho de martelo e a extração do óleo foi realizada com hexano. Em
seguida, por destilação em evaporador rotativo, o solvente foi
totalmente removido. Com o óleo bruto obtido prepararam-se 5 amostras,
distintas pelo tipo de antioxidante adicionado, sendo eles o Butil
Hidroxi Anisol (BHA) (0,01g/L), o Butil Hidroxi Tolueno (BHT) (0,01g/L),
o Terc Butil Hidro Quinona (TBHQ) (0,01g/L), a lecitina de soja
(0,5g/L) e a mistura TBHQ:Lecitina (0,01:0,5g/L) para verificar se
existe o efeito sinergista; e todos foram adicionados ao óleo nas
máximas concentrações permitidas pela legislação brasileira (Anvisa,
2006).
2.2. Métodos
Dois experimentos foram realizados. O primeiro consistiu na avaliação
dos antioxidantes de acordo com o Teste do Forno de Schaal adaptado,
conduzido a 60°C ± 1°C, em béqueres de 500mL, cada um contendo 50g de
amostra. Estes foram colocados na mesma prateleira da estufa e retirados
para a análise em períodos de dias diferentes. Uma amostra sem a adição
de qualquer antioxidante (controle) também foi avaliada. As análises
foram realizadas através do índice de peróxido, segundo a metodologia
oficial (AOCS, 1985). O segundo experimento foi conduzido com o uso do
aparelho Rancimat 617. As mesmas amostras foram analisadas, desta vez em
duplicata, e o procedimento utilizado está de acordo com Frank et al.
(1982).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A evolução do índice de peróxido (IP) das amostras de óleo bruto de
maracujá e das amostras de óleo bruto adicionadas de antioxidantes,
sendo eles o Butil Hidroxi Anisol (BHA) (0,01g/L), o Butil Hidroxi
Tolueno (BHT) (0,01g/L), o Terc Butil Hidro Quinona (TBHQ) (0,01g/L), a
lecitina de soja (0,5g/L) e a mistura TBHQ:Lecitina (0,01:0,5g/L) no
decorrer dos 18 dias de armazenamento em estufa à 60ºC apresentaram
aumento exponencial do índice de peróxido no decorrer do tempo. A
amostra controle de óleo bruto apresentou sempre o maior índice de
peróxido no decorrer do experimento comprovando a susceptibilidade do
óleo de semente de maracujá à oxidação, passando de 20meq/kg após os 18
dias na estufa. O BHT foi o antioxidante de menor eficiência contra a
oxidação do óleo, com comportamento do IP muito próximo ao da amostra
controle. Os antioxidantes BHA e TBHQ apresentaram eficiência
intermediária. Já a mistura entre TBHQ e lecitina, apesar de uma boa
atividade antioxidante, não superou a eficiência da lecitina, que
apresentou a melhor atividade antioxidante sobre o óleo, com IP um pouco
acima de 10meq/kg, ao final do experimento.
Almeida-Doria e Regitano-d’Arce (2000), aplicando o mesmo teste sobre o óleo de soja refinado, durante 7 dias, à 63ºC, encontraram um índice de peróxido superior a 90 meq/kg para a amostra controle, ao final do experimento. No mesmo período, partindo de um controle com grau de oxidação semelhante, o óleo bruto de semente de maracujá apresentou IP em torno de 3,5 meq/kg. Nota-se, assim, uma grande diferença na estabilidade oxidativa entre os dois óleos, sendo que o óleo da semente de maracujá demonstrou ser mais estável. Porém, outros experimentos devem ser conduzidos a fim de verificar com maior nitidez esta diferença, o que pode apontar a presença de antioxidantes naturais eficientes no óleo bruto da semente de maracujá, os quais deverão ser identificados e estudados.
Os valores do período de indução médio de cada amostra analisada neste trabalho e fornecidos pelo equipamento Rancimat 617 foram de 4,95h para a amostra controle, de 5,30h para amostra com BHA, 5,10h para amostra com BHT, 4,70h para amostra com TBHQ, 6,68h para amostra com lecitina e de 4,34h para amostra com TBHQ + Lecitina. Estes resultados não coincidiram totalmente com aqueles do teste do forno de Schaal. Porém, como no teste do forno, o BHA mostrou-se mais eficiente do que o BHT, o que está de acordo com o trabalho realizado por Couto (1996), que verificou a estabilidade oxidativa do óleo de semente de maracujá refinado através do mesmo aparelho. Além disso, a lecitina de soja, com o maior período de indução obtido entre todas as amostras, apresentou-se com a melhor atividade antioxidante sobre o óleo bruto.
Conclui-se através dos experimentos realizados que todas as substâncias testadas apresentaram atividade antioxidante sobre o óleo bruto de semente de maracujá amarelo, porém, a lecitina de soja foi a que demonstrou possuir maior eficiência.
Almeida-Doria e Regitano-d’Arce (2000), aplicando o mesmo teste sobre o óleo de soja refinado, durante 7 dias, à 63ºC, encontraram um índice de peróxido superior a 90 meq/kg para a amostra controle, ao final do experimento. No mesmo período, partindo de um controle com grau de oxidação semelhante, o óleo bruto de semente de maracujá apresentou IP em torno de 3,5 meq/kg. Nota-se, assim, uma grande diferença na estabilidade oxidativa entre os dois óleos, sendo que o óleo da semente de maracujá demonstrou ser mais estável. Porém, outros experimentos devem ser conduzidos a fim de verificar com maior nitidez esta diferença, o que pode apontar a presença de antioxidantes naturais eficientes no óleo bruto da semente de maracujá, os quais deverão ser identificados e estudados.
Os valores do período de indução médio de cada amostra analisada neste trabalho e fornecidos pelo equipamento Rancimat 617 foram de 4,95h para a amostra controle, de 5,30h para amostra com BHA, 5,10h para amostra com BHT, 4,70h para amostra com TBHQ, 6,68h para amostra com lecitina e de 4,34h para amostra com TBHQ + Lecitina. Estes resultados não coincidiram totalmente com aqueles do teste do forno de Schaal. Porém, como no teste do forno, o BHA mostrou-se mais eficiente do que o BHT, o que está de acordo com o trabalho realizado por Couto (1996), que verificou a estabilidade oxidativa do óleo de semente de maracujá refinado através do mesmo aparelho. Além disso, a lecitina de soja, com o maior período de indução obtido entre todas as amostras, apresentou-se com a melhor atividade antioxidante sobre o óleo bruto.
Conclui-se através dos experimentos realizados que todas as substâncias testadas apresentaram atividade antioxidante sobre o óleo bruto de semente de maracujá amarelo, porém, a lecitina de soja foi a que demonstrou possuir maior eficiência.
4. REFERÊNCIAS
ALMEIDA-DORIA, R.F.; REGITANO-D’ARCE, M.A.B. Antioxidant activity of rosemary and oregano ethanol extracts in soybean oil under thermal oxidation. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.20, n.2, p.197-203, 2000.
ANVISA, Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005, Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2006.
AOCS. Official and Tentative Methods of the American Oil Chemists Society. 3ed. Chicago, 1985. v.1.
COUTO, P.G. Óleo da semente de maracujá (Passiflora edulis, f. flavicarpa, DEG): caracterização, estabilidade e análise sensorial. Rio de Janeiro, 1996. 77p. - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
FRANK, J.; GEIL, J.V.; FREASO, R. Automatic determination of oxidation stability of oil and fatty products. Food Technology, v.36, n.6, p. 71-76, 1982.
GAYDOU, E.M.; RAMANOELINA, A.R.P. Valorization of the by-products from the granadilla fruit juice industry: fatty acid and sterol composition of the seed oil. Fruits, v.38, n.10, p. 699-703, 1983.
RUGGIBRO, C. 1987. Cultura do maracujazeiro. Unesp, Ribeirão Preto.
Fonte: http://www.ital.sp.gov.br
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