Desde o ano passado, os casos de leite adulterado com substâncias nocivas à saúde humana se tornaram comuns no país. Por mais que haja fiscalização, produtos contaminados conseguem chegar à mesa dos brasileiros. Entretanto, dois pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) encontraram uma forma de o próprio comprador poder verificar a qualidade do leite que adquiriu.
Trata-se da Fita Zero-F, que detecta rapidamente a presença de formol no leite - produtos de beleza e higiene, entre outros, também causam reação química no material. A fita é feita com um tipo de papel que, ao contato com a amostra, gera uma cor, indicando a presença ou ausência de formol. “Quando não há formol, a cor é rosa. Quando ele está presente, o papel fica roxo”, explica Guilherme Bandeira Cândido Martins, um dos pesquisadores.
O estudo, feito juntamente com o professor Paulo Anselmo Ziani Suarez, durou cerca de dois anos e começou com o mestrado de Guilherme. “Tínhamos a demanda de uma rede de postos de São Paulo para identificar metanol nos combustíveis. Começamos a desenvolver e percebemos que dava para identificar, também, o formol”, conta Paulo.
A UnB patenteou a Fita Zero-F e a Macofren Tecnologias Químicas, empresa incubada no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB), licenciou a tecnologia de forma não exclusiva para comercialização do produto.
Leite adulterado
Paulo Anselmo lembra que o formol é substância tóxica proibida em produtos que entram em contato com a pele e também em alimentos. "Há, ainda, pesquisas que sugerem que ele seja cancerígeno, mas ainda não é consenso."
A Operação Leite Compensado, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, começou em 8 de maio do ano passado. As investigações apontaram para um esquema que adulterou cerca de 100 milhões de litros do produto no estado. Os transportadores adicionavam água e uréia (que contém formol) ao leite para aumentar o volume e disfarçar a perda nutricional no caminho entre a propriedade rural e a indústria. O esquema era realizado em postos de resfriamento. Vinte e seis pessoas foram denunciadas; dessas, 13 foram presas e quatro estão em liberdade provisória.
Fonte: Correio Braziliense.